A Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela que, em uma década, ocorreu uma importante desconcentração da indústria brasileira, com redução da participação da região Sudeste no PIB industrial e um aumento na participação das demais regiões geográficas, especialmente o Sul. A região avançou 2,46% no período, obtendo o maior índice da pesquisa.
De acordo com o economista-chefe da CNI, Renato da Fonseca, São Paulo continua sendo o principal produtor industrial do país, mas a indústria brasileira tem migrado do Sudeste, que perdeu 7,5 pontos percentuais na indústria de transformação, principalmente para as regiões Sul que aumentou 3,2 pontos. "Essa diversificação regional é um movimento positivo, porque observamos o desenvolvimento econômico de outros estados. A indústria usualmente paga os melhores salários e fermenta indústrias menores dentro da mesma cadeia produtiva e alavanca os outros setores, como o de serviços", avalia Robson Braga de Andrade, presidente da CNI.
No Sul, os três estados elevaram a participação no PIB industrial, em razão, principalmente, do bom desempenho das respectivas indústrias de transformação (veja as estatísticas por estado ao final desta reportagem). A região também elevou a fatia na produção nacional das indústrias extrativas e de construção. Na última década, Santa Catarina ultrapassou São Paulo no setor de vestuário e acessórios, se tornando o maior estado produtor do Brasil. O Paraná é o terceiro estado com o maior ganho de participação na produção da indústria de transformação brasileira no estudo – de 6,8% para 8,1%. Tal desempenho se deve, sobretudo, ao crescimento dos segmentos de impressão e reprodução; produtos de madeira; veículos automotores; e celulose e papel. O Rio Grande do Sul obteve o quarto maior aumento de participação. A elevação de 1,2 ponto percentual está associada, principalmente, aos setores de máquinas e equipamentos; derivados do petróleo e biocombustíveis; celulose e papel; e produtos de metal.
A produção brasileira de veículos se desconcentrou regionalmente, na última década, com perda de importância do Rio de Janeiro, da Bahia e, principalmente, de Minas Gerais. Pernambuco e os estados do Sul, com destaque para o Paraná, aumentaram suas participações no valor da produção. Minas Gerais perdeu 6,2 pontos percentuais de participação entre os biênios 2007/08 e 2017/18, enquanto o Paraná ganhou 3,3 pontos percentuais. Os estados do Rio Grande do Sul (+1,5%) e de Santa Catarina (+0,9%) também ganharam importância para a produção brasileira de automóveis. São Paulo praticamente continua sendo o principal produtor. O Paraná subiu do terceiro para o segundo lugar (com 13,8% da produção nacional), ultrapassando Minas Gerais (com 9,6%).
Na última década, São Paulo e Rio de Janeiro registraram as maiores perdas de participação na produção da indústria de construção. A participação de São Paulo caiu de 30,5% para 28,5%. No caso do Rio de Janeiro, a participação na produção nacional da Indústria de Construção encolheu de 11,5% para 9,6%. Minas Gerais ultrapassou o Rio de Janeiro e ocupou o segundo lugar no ranking desse segmento, com 9,7% da produção nacional. O Rio Grande do Sul registrou aumento de participação no valor adicionado da Construção de 5,0% para 6,1%, nos últimos 10 anos, passando a ocupar a quinta posição no ranking, que pertencia à Bahia. O Paraná manteve a quarta posição, com 6,6%.
Fonte: Revista Amanhã (17/05/2021)